Esperanto: a língua artificial que sobreviveu ao domínio da língua inglesa




Em seu livro Le fous pour langage (“Os loucos por línguas”), Marina Yaguello estudou esse problema a fundo e não há o que acrescentar. Basta dizer que 500 línguas foram “inventadas.”
Os torcedores de cada uma delas ajudaram a lançar campanhas para sua divulgação. Mas aos que parece só o Esperanto – cujo nome traduzia a esperança para seu inventor, o Dr. Ludwig Lazar Zamenhof – foi o único a registrar algum sucesso. Imbuído de idealismo e de grande cultura, ele realizou uma façanha: foram criados centros e associações esperantistas em numerosos países.
Durante a adolescência,  Zamenhof criou a primeira versão da “lingwe universala”, uma espécie de esperanto arcaico. O seu pai, entretanto, fê-lo prometer deixar de trabalhar no seu idioma para se dedicar aos estudos. Ele então foi para Moscou estudar medicina. Em uma de suas visitas à terra natal, descobriu que seu pai queimara todos os manuscritos do seu idioma.
O jovem Zamenhof  pôs-se,  então, a reescrever tudo, adicionando melhorias e fazendo a língua evoluir. 
O primeiro livro sobre o esperanto foi lançado em 26 de julho de 1887, em russo, contendo as 16 regras gramaticais, a pronúncia, alguns exercícios e um pequeno vocabulário. Logo depois, mais edições do Unua Libro foram lançadas em alemão, polonês e francês. O número de falantes cresceu rapidamente nas primeiras décadas, primordialmente no Império Russo e na Europa Oriental, depois na Europa Ocidental, nas Américas, na China e no Japão. Muitos desses primeiros falantes vinham de outro idioma planificado volapük. As primeiras revistas e obras originais em esperanto começaram a ser publicadas.
Em 1905 aconteceu o primeiro Congresso Universal de Esperanto  na França, juntando quase mil pessoas, de diversos povos. Em 1906 foi fundado no Brasil o primeiro grupo esperantista, o Suda Stelaro em Campinas, 19 anos após o surgimento da língua.
Todo o movimento esperantista avançava a passos largos e seguros, mas com o evento das duas guerras mundiais, o movimento teve um recuo amedrontador: as tropas comandadas por Hitler, perseguiam e matavam os esperantistas na Alemanha e nos países dominados por esta; as tropas de Stalin faziam o mesmo na Rússia; a família de Zamenhof foi dizimada; no Japão e na China, a perseguição ao esperanto também ganhou proporções assustadoras.
Após a segunda grande guerra, o esperanto reergueu-se. Em 1954, a UNESCO passou a reconhecer formalmente o valor do esperanto para a educação, a ciência e a cultura, e, em 1985, novamente a UNESCO recomendou aos países membros a difusão do esperanto.
Após 1995, com a popularização e disseminação da Internet, o movimento esperantista ganhou uma nova força propulsora. Um exemplo de como está a situação atual do esperanto é ver o número de artigos na língua na Wikipédia: mais de 140 000 em janeiro de 2011, com índice de profundidade 13 — números maiores do que os de muitas línguas étnicas. 

Fácil para europeus, difícil para asiáticos
O Esperanto é baseado em línguas indo-europeias; sendo assim, para seu aprendizado por um chinês, japonês e finlandês, seria mais difícil do que para  quem fala línguas indo-europeias. Isso vai de encontro aos  propósitos universais do esperanto.  

Alfabeto do esperanto
a b c ĉ d e f g ĝ h ĥ i j ĵ k l m n o p r s ŝ t u ŭ v z


Pronúcia
C - pronuncia-se como ts, como na palavra pizza.
Ĉ - tem som de "tch" - assim "ĉapelo" se lê "tchapelo" (significa "chapéu").
Ĝ - pronuncia-se como "dj" - assim "ĝardeno" se lê "djardeno" (significa "jardim").
Ĥ - pronuncia-se como o j espanhol.  
J - pronuncia-se com o i da palavra iodo, y da palavra inglesa yes.
Ĵ - Tem som de "j" da língua portuguesa - assim "ĵurnalo" se lê "jurnalo" (significa "jornal").
Ŝ - tem som de "Ch"; assim "Ŝi"(ela) se lê "chi"


Provérbios em esperanto
A abundância não deixa dormir o rico. 
Ĉio supermezura estas terura.

A acha sai ao madeiro. 
Kia naskinto, tiaj naskitoj. 
Kia patrino, tia filino.

A afeição cega a razão. 
Kiu cedas al sia infano, ĝin pereigas per propra mano. 
Ne bela estas kara, sed kara estas bela. 
Por patrino ne ekzistas infano malbela.

A agulha puxa a linha. 
Fadeno iras, kien kudrilo ĝin tiras. 
Kien kudrilo iras, tien fadenon ĝi tiras.

A atividade duplica a força. 
Laboro fortigas, ripozo putrigas.

A atividade é a mãe da prosperidade. 
Laboro kondukas al honoro kaj oro. 
Ne venas honoro sen laboro.

A beleza depressa acaba. 
A beleza é um bem frágil. 
Beleco hodiaŭ estas, morgaŭ ne restas.

A boa ou má ação fica com quem a pratica. 
Kio iras el koro, venas al koro.

A boa vontade faz do longe perto. 
Por amiko intima ne ekzistas vojo malproksima.

A boca diz quanto lhe manda o coração. 
Koro pleniĝas, lango moviĝas. 
Koro tro plena, buŝo parolas.









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